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Momento da Caminhada do EncoASA |
O amarelo
dos chapéus e o colorido das faixas e estandartes enfeitaram a abertura do
VIII Encontro Nacional da ASA – EnconASA, que teve seu início nesta
segunda-feira (19), com um bonito e animado cortejo pelas ruas da cidade
mineira de Januária, em Minas Gerais. O povo que veio das comunidades mais
distantes do Semiárido brasileiro ocupou as Minas Gerais para fazer ecoar as
vozes que dizem: é no semiárido que a vida pulsa! É no semiárido que o povo
resiste!
Instrumentos
musicais, faixas, gritos de ordem, músicas e depoimentos integraram-se aos
passos, gestos e olhares de afirmação da luta do povo pela convivência com o
Semiárido, num percurso que partiu do Cais do São Francisco até o terminal
rodoviário da cidade. Ao ritmo de músicas que caracterizam e celebram a
região, cerca de 500 homens e mulheres cantaram as resistências sertanejas
com as alvísseras dos povos e comunidades tradicionais indígenas, quilombolas
e pescadores e pescadoras.
“A
caminhada traz para as ruas as bandeiras de luta do povo. Uma forma de
expressar para a comunidade que nos acolhe, que estamos aqui fazendo esse
debate em torno da convivência com o Semiárido. A caminhada dá visibilidade
ao que vamos discutir todos esses dias, que é a história da resistência, o
direito dos povos ao seu território”, afirma a coordenadora executiva da ASA
pelo Estado do Ceará e representante do Centro de Estudo do Trabalho e de
Assessoria ao Trabalhador (Cetra), Cristina Nascimento.
O Enconasa
é, por excelência, esse espaço de encontros, reencontros e debates políticos
que há 12 anos movimentam o Semiárido brasileiro reunindo agricultores,
agricultoras, movimentos e organizações sociais de 10 estados, que formulam e
propõem políticas públicas na busca de propiciar o desenvolvimento
sustentável para a região. Cada encontro é diferente, têm especificidades,
detalhes, características próprias.
As
Cirandas dos Estados - Um, dois, três dias de viagem. A tradução disso
deveria ser cansaço e desânimo, mas não foi isso que se viu no cortejo de
abertura do VIII Enconasa. As delegações dos 10 estados que compõem o
Semiárido estavam lá com seus gritos de ordem, suas músicas características e
suas simbologias, formando uma grande ciranda de corpos, corações e mentes. O
povo Xacriabá, que ajudou a construir o Semiárido mineiro, dançou o toré em
homenagem em respeito às tradições indígenas, evocando, dessa forma, a sua
proteção ao encontro.
Além de
pautar o momento inicial do EnconASA e a afirmação da luta do povo do
semiárido, a caminhada se configura também como um espaço de reivindicação de
direitos às políticas públicas favoráveis à região. “Aqui a gente manifesta
satisfação e insatisfação e agradece os benefícios já conquistados, como a
água para beber e produzir”, diz o agricultor Agamenon Nascimento, do
Assentamento Nova Esperança, no município de olho D’Água do Casado.
“A caminhada não só marca a abertura do encontro da ASA, mas, também, trás um
conjunto de história e expressões que tem contribuído para uma outra
convivência com a região. Olhar para a caminhada e ver agricultores e
agricultoras, indígenas e quilombolas, ver a expressão do semiárido,
significa para nós, enquanto ASA, a afirmação dessa luta pela efetivação dos
direitos nessa região”, conclui a coordenadora executiva da ASA Pernambuco,
Neilda Pereira.
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