Durante a primeira semana de setembro até o seu dia 7, aconteceram diversos movimentos que denunciaram os modelos que concentram as riquezas do país, exaltaram e reivindicaram formas de se minimizar as desigualdades sociais e despertaram na população o sentimento de causa e da necessidade do protagonismo social. Esse conjunto de ações compõe o Grito dos Excluídos, que acontece todos os anos e tem no dia da independência do Brasil seu símbolo de existência e de exaltação às camadas esquecidas da sociedade em busca de seus direitos e de um dia a dia mais digno.
Nessa perspectiva, o Solidariedade pela Vida trouxe a história desse importante movimento para a realidade brasileira e como a Cáritas Diocesana de Pesqueira congrega os valores e ideais do Grito, contribuindo para que sua causa seja perpetuada, incentivando uma cidadania ativa e participativa e a conscientização da população da necessidade da implantação de uma realidade plural, igualitária, livre de desigualdades e justa.
Um chamado de solidariedade e Protagonismo Social
Através do Setor Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nasceu o Grito dos Excluídos, uma forma de dar continuidade às reflexões em cima do lema da Campanha da Fraternidade de 1995, “Eras tu, Senhor”, que abordava o tema Fraternidade e Excluídos. A essa origem, também pode-se atribuir a necessidade de sequenciar os debates oriundos da 2º Semana Social Brasileira, realizada em 1993 e 1994, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”.
Assim, a concepção do Grito aconteceu para originar um processo de construção coletiva de mudanças na sociedade. O apoio de diversos movimentos sociais, populares e sindicais, de pastorais sociais, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e das inúmeras entidades e organizações que buscam o combate a exclusão social contribuíram e contribuem para a construção de debates e ações que transparecem nos Grito dos Excluídos.
Dessa forma, os pressupostos da movimentação do Grito remetem à luta pelas condições mínimas de sobrevivência e pelos direitos básicos humanos em uma perspectiva de garantir a dignidade de cada um e impulsionar uma autonomia social. Seu processo construtivo acontece de forma coletiva e, apesar de ser amplamente difundido durante a primeira semana de setembro e tendo o dia 7 como data oficial de sua contemplação, os movimentos são feitos durante todo o ano e resgatam a essência de se mostrar, reinvidicar e propor alternativas para fugir do modelo que concentra a renda e os direitos para poucos.
Um dos desafios para as entidades e movimentos que desenvolvem ações que dialogam com as expectativas do Grito é conscientizar os próprios excluídos sobre a importância de uma organização e da criação de alternativas, propostas de políticas públicas e ações que os beneficiem e tragam mais dignidade as pessoas.
Na Cáritas Diocesana de Pesqueira, as diversas Cáritas Paroquiais que a integram desenvolvem programas e ações que levam a diversos indivíduos alternativas e formas de se construir uma realidade melhor. Esses passos podem ser visto nas zonas rurais e urbanas do agreste e sertão pernambucano, através de ações que estimulam e qualificam a agricultura familiar, criam oportunidade para jovens e crianças que vivem à margem da sociedade, incentivam a educação, a prática de esportes, o protagonismo juvenil, o estímulo e a conscientização sobre a segurança alimentar e tantos outros atos que englobam e projetam um grito vindo de diversos lados, mas que rumam a uma autonomia social.
A Cáritas Diocesana de Pesqueira congrega uma rede de solidariedade através das Cáritas Paroquiais. São ações desenvolvidas em municípios próximos a Pesqueira e que priorizam a educação, a integração social, a cidadania e a autonomia de jovens, crianças e adultos de poucas oportunidades na sociedade. Um exemplo é a Cáritas Paroquial Santa Clara de Assis, na cidade deTupanatinga e que é assessorada pela Cáritas Diocesana de Pesqueira. Ela executa um importante projeto para o desenvolvimento local, o "Crescer com Cidadania".
Há dois anos, esse projeto vem mudando a realidade de jovens, crianças e famílias do municipio. O trabalho dá oportunidades de desenvolvimento profissional, educação para mães e filhos, integração das crianças na sociedade e outras benfeitorias para o público atingido. As atividades dão novas perspectivas para o futuro de cada um e estimulam a autonomia social.
Outro ponto abordado pela Cáritas Diocesana de Pesqueira é o Incentivo aos debates em setores como o da agricultura familiar, que luta para sobreviver em uma realidade em que o agroneógocio se sobrepõe. Assim, ela também prioriza esse setor, exaltando a potencialidade da agricultura camponesa, estimulando a auto-estima do homem do campo e dando-lhes base para se estruturarem e viverem com as condições básicas para uma vida de qualidade.
A Cáritas Diocesana de Pesqueira atua na zona rural do agreste e sertão pernambucano, levando a famílias agricultoras possibilidades e alternativas para se trabalhar com dignidade no campo. Os trabalhadores rurais, a partir de suas ações, podem melhorar suas condições de vida e promover seu protagonismo social. A Cáritas Diocesana de Pesqueira faz parte da Articulação no Semi-Árido (ASA), rede que engloba diversos agentes que visam as melhorias de convivência no semiárido brasileiro e lutam por políticas públicas que alavanquem esse setor e possibilitem melhores qualidades de saúde, educação, produção e autonomia.
Esses organismos levam ao homem do campo tecnologias de armazenamento da água das chuvas – Cisternas, Tanques de Pedra, Bombas Populares entre outros - para que às famílias rurais possam trabalhar com o recurso hídrico, essencial para a agricultura, durante todo o ano. Além disso, capacitações sobre as formas de cultivo, gerenciamento da água e cuidados com o meio ambiente são passados às famílias agricultoras, que depois da atuação das entidades, redescobriram a potencialidade e o prazer de se viver no campo.
O incentivo ao protagonismo também é fortemente difundido. Despertar os agricultores e agricultoras para conquistarem seus direitos e se organizarem em busca de melhores condições de vida é um ponto bastante trabalhado. A partir da preparação e da organização desses trabalhadores e do acesso a informação, seus direitos podem ser conquistados e sua autonomia concretizada.
“A Cáritas Diocesana de Pesqueira vem possibilitando a melhoria da qualidade de vida das pessoas, principalmente dos mais excluídos da sociedade. E é nessa perspectiva que nos unimos ao conjunto da igreja para fortalecer iniciativas como o grito dos excluídos” fala a coordenadora da Cáritas Diocesana de Pesqueira e membro da coordenação executiva da ASA PE, Neilda Pereira.
As ações da Cáritas Diocesana de Pesqueira perpetuam uma força que também faz parte dos movimentos do Grito dos Excluídos. A causa rodeia o mote de promover a melhoria da qualidade de vida de milhões de pessoas, despertando em todos o sentimento de humanidade. O Grito dos Excluídos se estrutura a partir desse caminho, do despertar para um coletivo de qualidade e da necessidade de uma transformação social.
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