sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Articulação no Semi-Árido (ASA) manifesta-se contra as cisternas de plástico

A Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) lançou nesta terça-feira (8), durante a 4º Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que ocorre em Salvador (BA), um documento alertando sobre o uso das cisternas de plástico. Esses reservatórios começam a fazer parte da política governamental para levar água às famílias do Semiárido, a partir do Programa Água para Todos, no contexto do Plano Brasil Sem Miséria.

No documento, a ASA elogia a decisão de universalizar o acesso à água no Semiárido, mas lamenta a utilização das cisternas de plástico como alternativa para alcançar esse objetivo. “As cisternas de plástico/PVC excluem a população local, não permitindo a sua participação no processo de reaplicação da técnica, criando dependência das empresas”, diz um trecho do manifesto.

A ASA já construiu 360 mil cisternas através do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC). Isso tem gerado autonomia para mais de 1.700.000 pessoas sobre a gestão da sua própria água. Também foram construídas quase 12 mil tecnologias de captação de água para produção de alimentos, entre taque de pedra, cisterna-calçadão, barragem subterrânea e bomba d’água popular.

O impacto da ação da ASA está descrito em outro documento, que também está sendo distribuído na conferência. Nesse mesmo texto, a Articulação se coloca contra a campanha de criminalização das organizações não-governamentais (ONGs). “A ASA, e as centenas de organizações que a ela se referem, se recusam a serem comparadas e confundidas, por quem quer que seja, com organizações que desviam recursos públicos”, ressalta o manifesto.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

“O Veneno está na Mesa”: Uma luta contra os agrotóxicos e o agronegócio

A exibição do documentário “O Veneno está na mesa”, do cineasta Silvio Tendler, reuniu cerca de 240 pessoas no salão nobre da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), na última quinta-feira, 20 de outubro. Estudantes, professores/as e agricultores/as puderam acompanhar a trajetória e os danos causados pelo uso dos agrotóxicos e como ele se relaciona à lógica do agronegócio. 

Documentário atraiu professores/as, estudantes e agricultores/as
O filme, produzido para a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vidadesde seu lançamento em julho, está circulando em diversos estados do Brasil, geralmente acompanhado pela diretor. A ideia é levar à população os perigos do uso dos insumos químicos com o propósito de estimular o debate em torno dessa questão, na perspectiva de combater o uso dos agrotóxicos e defender uma forma de produção agroecológica.
 
 “Desde 2008, o Brasil é o país do mundo que mais consome agrotóxicos”, destaca o documentário logo no início de sua exibição. Denunciando as formas de produção em massa que se utilizam dos defensivos químicos, degradando o meio ambiente e prejudicando a saúde da população, o filme do cineasta carioca, na noite da quinta-feira (20), levantou reflexões e discutiu a temática, trazendo à tona, principalmente, o papel da sociedade e do poder público no combate ao uso dos agrotóxicos.

Após a exibição do documentário de 50 minutos, montou-se uma mesa de debate com representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, como o líder do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, a Presidenta da Associação das Agricultoras e Agricultores do Assentamento Chico Mendes III - São Lourenço da Mata/PE, Enilda da Silva, e do professor do Núcleo de Agroecologia e Campesinato (NAC/UFRPE) e presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA Agroecologia), Francisco Roberto Caporal. Silvio Tendler, que até então estaria presente, por motivos de saúde não pôde compor o momento. No debate, além da discussão em cima do extermínio do uso indiscriminado dos agrotóxicos, foram apresentados dados alarmantes sobre a atuação da agricultura paternal e como o país precisa avançar no sentido de minimizar os avanços desse modelo de produção que só visa o lucro. 
Da esq. para a dir.: Jaime Amorim, Enilda da Silva e Francisco Caporal.
Um dos pontos em questão foi o fato de no Brasil não existir uma política forte pra barrar esse tipo de produto na agricultura. “Enquanto nos Estados Unidos são necessários em torno de 250 mil dólares para registrar um principio ativo, no Brasil esse valor gira em torno de 33 a 100 dólares”, contemplou o professor Francisco. Assim, a importância da intervenção do governo e da atuação constante da sociedade aparece como cernes para a continuidade do debate.   
  
Incentivar a agricultura familiar e o consumo de produtos orgânicos ecoou de forma constante na fala dos participantes. Progressivamente, os debates estão aparecendo pelos estados e a luta por uma forma mais justa e saudável de produção poderá ser vislumbrada e contemplada no país. Quem sai ganhando? O Brasil e todos os produtores e consumidores dos produtos da agricultura familiar que abastecem a mesa dos brasileiros todos os dias, girando uma economia e fortalecendo a lógica agroecológica e sustentável do processo agrícola.    

Viva a agricultura Familiar

O Veneno está na Mesa faz uma chamada para a luta contra o agronegócio e destaca a importância do estímulo à agricultura familiar. Através das construções de políticas pelos poderes públicos alinhadas aos movimentos da sociedade, esses avanços começam a surgir. A importância do cultivo de uma agricultura saudável, livre do uso dos agrotóxicos, para um país que possui 70% da mesa composto pelos produtos da agricultura familiar, torna-se essencial para esse debate. Nesse sentido, Silvio Tendler esteve em Pernambuco no mês de outubro, e, através da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (FETAPE) pôde conhecer algumas famílias agricultoras da Zona da Mata pernambucana. Para o cineasta, esse momento servirá para a coleta de informações sobre a realidade de trabalhadores rurais no estado que irão subsidiar, em um futuro próximo, um novo documentário, dando continuidade ao debate nos país.  

Arméle Dornelas 
Comunicadora Popular da Cáritas Diocesna de Pesqueira e membro do núcleo de comunicação da ASA/PE

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O que você come?

Agricultores familiares trazem a importância de se combater o uso dos agrotóxicos e, consequentemente, estimular a alimentação de qualidade. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sociedade civil e poder público debatem a Segurança Alimentar e Nutricional em Pernambuco

“Alimentação como direito social”, com essa afirmação, o presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar de Pernambuco (CONSEA/PE), Nathanael Valle, deu inicio a IV Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional realizada entre os dias 28 e 30 de setembro em Pesqueira, no interior pernambucano. O encontro traçou as diretrizes para as políticas nesse setor no estado ao mesmo tempo em que debateu as contribuições das organizações da sociedade civil e dos poderes públicos municipais e estadual para integrarem as políticas nacionais neste segmento, contribuindo para os avanços sociais no país.

Integrantes da Articulação no Semi-Árido Pernambucano (ASA/PE) participaram da Conferência ao lado de representantes do governo federal, estadual e municipais e de diversas outras organizações da sociedade civil organizada. A diversidade étnica também compôs o público presente, incorporada pelos povos quilombolas, afrodescendentes e índios. No primeiro dia de evento, o grupo pôde discutir o regimento interno estadual das políticas da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), assim como aprová-lo. No mesmo dia, o diretor do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Marcos Dal Fabbro, apresentou o histórico das políticas da SAN nacional, apontou suas perspectivas e desafios e afirmou a importância da Conferencia Estadual para o complemento do Plano Plurianual e de como essas ações podem contribuir pra o extermínio da extrema pobreza no Brasil.  
segundo dia da Conferencia foi intenso e marcado pelo compartilhamento das ações, no que tange a segurança alimentar e nutricional, desenvolvidas nos  município e pelo governo estadual, assim como as dificuldades encontradas para esse trabalho. Representantes dos Conselhos Municipais de Segurança Alimentar participaram da mesa de debate. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) nas cidades pernambucanas foram bastante citados, assim como as feiras agroecológicas, as cozinhas e hortas comunitárias e a higienização dos alimentos da merenda escolar. Enfatizou-se ainda a necessidade do fortalecimento dos Conselhos em cada município e o maior envolvimento do poder público para que os avanços aconteçam unidos a um controle social para a fiscalização das atividades vigentes.

O secretário executivo de Agricultura Familiar, Aldo Santos, e a superintendente de Segurança Alimentar da secretaria de Desenvolvimento Social, Mariana Suassuna, explanaram sobre a atuação do governo estadual nesse campo. Diversos programas e projetos foram citados, entre eles o Programa Mãe Coruja, que busca combater à mortalidade infantil, o Programa de Segurança Alimentar, Nutricional e Produtiva nos acampamentos e pré-assentamentos da Reforma Agrária, o Garantia Safra e O Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (PRORURAL), que tem parceria com organizações que compõem a ASA/PE, assim como o recente programa “Pernambuco mais Produtivo”, que apóia a agricultura familiar e leva tecnologias de armazenamento da água das chuvas para os trabalhadores rurais do interior do estado com o apoio das entidades que fazem parte da rede da Articulação.     

Ainda no dia 29, a nutricionista e professora da Universidade Federal de Pernambuco, Sônia Lucena, ministrou uma palestra enfocando o papel da sociedade e do governo para os avanços da segurança alimentar e nutricional no estado e seu envolvimento com a saúde pública. “Existe uma carência grande em Pernambuco no que diz respeito à obesidade, o sobrepeso e a desnutrição. Esses são pontos que também precisam ser trabalhados e combatidos dentro dos planos, são os eixos que norteiam a SAN”, fala a nutricionista.  

Encerrando o segundo dia de evento, os participantes foram divididos em quatro grupos de acordo com suas regiões: Sertão, Agreste, Zona da Mata e região metropolitana. Nessa atividade, os presentes puderam discutir propostas de ações para comporem o Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do estado e as apresentaram ao grande coletivo no último dia de Conferencia. Colocou-se a necessidade de se proteger os recursos hídricos para a produção de alimentos saudáveis, o fortalecimento da agricultura familiar, a garantia do acesso à terra, o incentivo a conduta agroecológica, o combate ao uso dos agrotóxicos, a importância de se conhecer a realidade de cada população garantindo um alimentação adequada, dentre outros posicionamentos.
O fechamento da Conferência contou com a escolha dos representantes de Pernambuco para a IV Conferencia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, prevista para o mês de novembro em Salvador. Serão 26 delegados pernambucanos da sociedade civil organizada, dentre eles o coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA Brasil) na ONG Chapada, no sertão do Araripe, Edésio Medeiros, e o coordenador de articulação política do Centro Sabiá, organização também pertencente a rede ASA, Adeildo Fernandes. “Para a construção do primeiro Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Pernambuco apresentará recomendações que foram frutos das 26 conferencias municipais realizadas em todo o estado com a participação ativa da sociedade civil, tendo como foco construir compromissos para efetivar o direito humano a alimentação adequada e saudável” afirma Edésio.

Os três dias de evento resultaram em discussões e no levantamento das necessidades e propostas dos municípios pernambucanos. A partir desse momento, as políticas da SAN entram mais uma vez em pauta e vislumbram melhorias e avanços no estado e no Brasil. Agora, espera-se que a Alimentação Saudável como direito de todos ganhe relevância e propostas concretas, começando pela próxima Conferencia Nacional que reunirá idéias de diversos estados brasileiros, incluindo as questões levantadas em Pernambuco. “Esse é um passo enorme para as coisas começarem a acontecer”, comenta Nathanael Valle encerrando a IV Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional. 

Arméle Dornelas
Comunicadora Popular da Cáritas Diocesana de Pesqueira e membro do núcleo de comunicação da ASA PE

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ASA participa do II Encontro Latino Americano de Gestão Comunitária de Água e Saneamento


Na última terça-feira, o II Encontro Latino Americano de Gestão Comunitária de Água e Saneamento foi iniciado em Cusco, no Peru. O evento ocorrerá até o dia 15 de setembro e conta com a participação de representantes de entidades públicas, privadas, associações, federações, ong’s, técnicos, profissionais, lideranças e a sociedade civil em geral, todos tendo na gestão da água seus focos principais de trabalho. Entre eles está a coordenadora executiva da ASA Brasil pelo estado de Pernambuco e coordenadora da Cáritas Diocesana de Pesqueira, Neilda Pereira, a assessora do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) da ASA Brasil, Sandra Silveira, e o coordenador-geral de acesso à água do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) do Brasil, Igor Arsky. Os brasileiros irão integrar os debates que buscam dialogar sobre as oportunidades e mecanismos financeiros de acesso a água na America Latina e apresentarão a parceria na construção de cisternas entre a ASA e o MDS.
O objetivo central do evento em 2011 é explorar as diferentes alternativas para a criação e/ou ampliação de mecanismos financeiros de acesso a água nas regiões latino-americanas, contribuindo para um desenvolvimento sustentável. O momento criará espaços de troca de experiências que abordem iniciativas em gestão comunitária da água e de seu saneamento pelos países, fortalecendo os debates sobre a questão.

No encontro, a parceira da ASA junto ao MDS será compartilhada entre os participantes para mostrar a importância de serem feitas articulações entre a sociedade civil e o poder público na busca pela garantia do acesso a água para as populações que vivem em regiões de escassos recursos hídricos. Esse espaço levantará a trajetória desse trabalho e a importância da atuação da ASA para o fortalecimento da convivência digna no semiárido brasileiro.

Para Neilda Pereira, esse é um momento único para a socialização das experiências de gestão comunitária e saneamento da água na América latina, “Além de conhecer outras experiências vamos ter a oportunidade de apresentar as ações que temos desenvolvido na linha da convivência com o semiárido. No evento também teremos a oportunidade de participar do lançamento de uma publicação realizada pela Fundação da Avina sobre a ação da ASA como modelo de Governabilidade Democrática da água na América Latina, então, será um importante momento para a ASA” reforça Neilda.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Cáritas Diocesana promove capacitações para agricultores/as familiares

Com a parceira firmada entre a Articulação no Semi-Árido Pernambucano (ASA/PE)  e o Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (Prorural) do governo do estado, a Cáritas Diocesana de Pesqueira deu inicio às capacitações e implementações previstas nas ações do projeto. Até a penúltima semana do mês de agosto, cerca de 500 famílias agricultoras foram capacitadas a lidarem de maneira correta com os recursos hídricos, além de conhecerem a importância da utilização sustentável da água para o meio ambiente e para a sociedade. Noções de preservação da natureza e do respeito com a terra também são passadas aos trabalhadores rurais. Os ensinamentos  estimulam nos agricultores uma visão mais consciente do semiárido, bem como o seu papel como cidadão na realidade onde moram.

As capacitações são ministradas por educadores populares da região que, através de uma metodologia simples e atrativa, despertam nos participantes a importância de conhecer a terra onde vivem e a partir disso, pensarem em praticas que contribuam para  melhorias na qualidade de vida. Tupanatinga, Sertânia, Pesqueira e Buíque foram os municípios que inicialmente participaram das capacitações proporcionando aos agricultores dessas regiões a oportunidade de conhecerem experiências de gerenciamento e recursos hidricos e convivência com o semiárido.  A cidade de Poção  também terá famílias participando das capacitações ainda no mês de agosto e os municípios de Alagoinha, Pedra, Sertânia, Venturosa, Águas Belas, Bom Conselho, Caétes, Canhotinho, Itaíba, Iati, Jucati, Lagoa do Ouro, Lajedo, Paranatama, Saloá, São Bento do Una e São João também serão  atingidos durante o decorrer dos dez meses de parceria. Ao total, serão 2.737 famílias contempladas com cisternas e capacitadas, alavancando assim o processo rumo a solidificação da qualidade de vida nas regiões semiáridas. 

Encontro em Pesqueira estimula a autonomia do homem e da mulher do campo

Agricultores/as que participaram do encontro em Pesqueira
Rubiana de Melo Brito, jovem trabalhadora rural, veio de Venturos para se juntar aos cerca de 40 participantes do Encontro Territorial de Agricultores e Agricultoras que integram o Programa Uma Terra e Duas Águas da Articulação no Semi-Árido (ASA) organizado pela Cáritas Diocesana de Pesqueira. O evento aconteceu em Pesqueira nos dias 30 e 31 de agosto e ocorreu juntamente com o Encontro Comunitário, organizado pela mesma instituição. Os dois momentos aconteceram de forma integrada e buscaram despertar nos agricultores e agricultoras a consciência da importância da organização e da busca pelos seus direitos e políticas públicas que possam impactar positivamente a realidade nos municípios desses trabalhadores.

O momento contou com a presença de trabalhadores/as vindos de diversas cidades as quais a Cáritas Diocesana de Pesqueira atua. Além de Venturosa e Pesqueira, os municípios de Buíque, Tupanatina, Arcoverde, Sanharó, Lajedo e Poção estavam representados no acontecimento. Os dois dias, de intensas atividades, possibilitaram a troca de informações e o diálogo sobre a realidade de cada cidade presente. Os agricultores/as puderam construir coletivamente as perspectivas para as melhorias da qualidade de vida de seus municípios e avaliaram a realidade e as necessidades e dificuldades de cada região. 
Dentre os pontos abordados, os mais citados foram os que se referiam ao seguro safra, às necessidades de postos de saúde locais, da educação contextualizada, do transporte escolar, da conscientização do acesso ao crédito e de informações sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A importância da união e organização dos trabalhadores para garantir esses direitos também foi bastante enfocada. Entre os agricultores, ficou clara a importância de existir uma mobilização nas comunidades para que o acesso à essas políticas e benefícios possam acontecer, mas também que é necessário discernir o que é o assistencialismo e o que o grupo pode fazer para que a melhoria da qualidade de vida seja fruto, principalmente, de seus esforços. 

“Hoje, vou levar muita coisa daqui, acordar as pessoas para as necessidades do município, da importância de um posto de saúde em Venturosa, por exemplo. Também mostrar a elas que elas podem produzir e garantir o seu próprio sustento”, fala a agricultora Rubiana. Além da jovem, todos os outros participantes do encontro puderam levar para as suas comunidades a motivação de se mudar e melhorar a realidade onde vivem.

Gradativamente, a vida no semiárido passa a ganhar perspectivas de desenvolvimento econômico e social. O acesso a informação é um passo crucial nesse processo e a Cáritas Diocesana de Pesqueira entra nesse meio para impulsionar essa autonomia do homem e da mulher do campo e multiplicar o conhecimento entre os agricultores e agricultoras pernambucanos. 

Uma nova realidade, justa e igualitária para todos: O Grito dos Excluídos

Durante a primeira semana de setembro até o seu dia 7, aconteceram diversos movimentos que denunciaram os modelos que concentram as riquezas do país, exaltaram e reivindicaram formas de se minimizar as desigualdades sociais e despertaram na população o sentimento de causa e da necessidade do protagonismo social. Esse conjunto de ações compõe o Grito dos Excluídos, que acontece todos os anos e tem no dia da independência do Brasil seu símbolo de existência e de exaltação às camadas esquecidas da sociedade em busca de seus direitos e de um dia a dia mais digno.

Nessa perspectiva, o Solidariedade pela Vida trouxe a história desse importante movimento para a realidade brasileira e como a Cáritas Diocesana de Pesqueira congrega os valores e ideais do Grito, contribuindo para que sua causa seja perpetuada, incentivando uma cidadania ativa e participativa e a conscientização da população da necessidade da implantação de uma realidade plural, igualitária, livre de desigualdades e justa.

Um chamado de solidariedade e Protagonismo Social

Através do Setor Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nasceu o Grito dos Excluídos, uma forma de dar continuidade às reflexões em cima do lema da Campanha da Fraternidade de 1995, “Eras tu, Senhor”, que abordava o tema Fraternidade e Excluídos. A essa origem, também pode-se atribuir a necessidade de sequenciar os debates oriundos da 2º Semana Social Brasileira, realizada em 1993 e 1994, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”.
Assim, a concepção do Grito aconteceu para originar um processo de construção coletiva de mudanças na sociedade. O apoio de diversos movimentos sociais, populares e sindicais, de pastorais sociais, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e das inúmeras entidades e organizações que buscam o combate a exclusão social contribuíram e contribuem para a construção de debates e ações que transparecem nos Grito dos Excluídos.

Dessa forma, os pressupostos da movimentação do Grito remetem à luta pelas condições mínimas de sobrevivência e pelos direitos básicos humanos em uma perspectiva de garantir a dignidade de cada um e impulsionar uma autonomia social. Seu processo construtivo acontece de forma coletiva e, apesar de ser amplamente difundido durante a primeira semana de setembro e tendo o dia 7 como data oficial de sua contemplação, os movimentos são feitos durante todo o ano e resgatam a essência de se mostrar, reinvidicar e propor alternativas para fugir do modelo que concentra a renda e os direitos para poucos.  

Um dos desafios para as entidades e movimentos que desenvolvem ações que dialogam com as expectativas do Grito é conscientizar os próprios excluídos sobre a importância de uma organização e da criação de alternativas, propostas de políticas públicas e ações que os beneficiem e tragam mais dignidade as pessoas. 

Na Cáritas Diocesana de Pesqueira, as diversas Cáritas Paroquiais que a integram desenvolvem programas e ações que levam a diversos indivíduos alternativas e formas de se construir uma realidade melhor. Esses passos podem ser visto nas zonas rurais e urbanas do agreste e sertão pernambucano, através de ações que estimulam e qualificam a agricultura familiar, criam oportunidade para jovens e crianças que vivem à margem da sociedade, incentivam a educação, a prática de esportes, o protagonismo juvenil, o estímulo e a conscientização sobre a segurança alimentar e tantos outros atos que englobam e projetam um grito vindo de diversos lados, mas que rumam a uma autonomia social.

A Cáritas Diocesana de Pesqueira congrega uma rede de solidariedade através das Cáritas Paroquiais. São ações desenvolvidas em municípios próximos a Pesqueira e que priorizam a educação, a integração social, a cidadania e a autonomia de jovens, crianças e adultos de poucas oportunidades na sociedade. Um exemplo é a Cáritas Paroquial Santa Clara de Assis, na cidade deTupanatinga e que é assessorada pela Cáritas Diocesana de Pesqueira. Ela executa um importante projeto para o desenvolvimento local, o "Crescer com Cidadania".

Há dois anos, esse projeto vem mudando a realidade de jovens, crianças e famílias do municipio. O trabalho dá oportunidades de desenvolvimento profissional, educação para mães e filhos, integração das crianças na sociedade e outras benfeitorias para o público atingido. As atividades dão novas perspectivas para o futuro de cada um e estimulam a autonomia social.  

Outro ponto abordado pela Cáritas Diocesana de Pesqueira é o Incentivo aos debates em setores como o da agricultura familiar, que luta para sobreviver em uma realidade em que o agroneógocio se sobrepõe. Assim, ela também prioriza esse setor, exaltando a potencialidade da agricultura camponesa, estimulando a auto-estima do homem do campo e dando-lhes base para se estruturarem e viverem com as condições básicas para uma vida de qualidade.

A Cáritas Diocesana de Pesqueira atua na zona rural do agreste e sertão pernambucano, levando a famílias agricultoras possibilidades e alternativas para se trabalhar com dignidade no campo. Os trabalhadores rurais, a partir de suas ações, podem melhorar suas condições de vida e promover seu protagonismo social. A Cáritas Diocesana de Pesqueira faz parte da Articulação no Semi-Árido (ASA), rede que engloba diversos agentes que visam as melhorias de convivência no semiárido brasileiro e lutam por políticas públicas que alavanquem esse setor e possibilitem melhores qualidades de saúde, educação, produção e autonomia.  

Esses organismos levam ao homem do campo tecnologias de armazenamento da água das chuvas – Cisternas, Tanques de Pedra, Bombas Populares entre outros - para que às famílias rurais possam trabalhar com o recurso hídrico, essencial para a agricultura, durante todo o ano. Além disso, capacitações sobre as formas de cultivo, gerenciamento da água e cuidados com o meio ambiente são passados às famílias agricultoras, que depois da atuação das entidades, redescobriram a potencialidade e o prazer de se viver no campo. 

O incentivo ao protagonismo também é fortemente difundido. Despertar os agricultores e agricultoras para conquistarem seus direitos e se organizarem em busca de melhores condições de vida é um ponto bastante trabalhado. A partir da preparação e da organização desses trabalhadores e do acesso a informação, seus direitos podem ser conquistados e sua autonomia concretizada.

 “A Cáritas Diocesana de Pesqueira vem possibilitando a melhoria da qualidade de vida das pessoas, principalmente dos mais excluídos da sociedade. E é nessa perspectiva que nos unimos ao conjunto da igreja para fortalecer iniciativas como o grito dos excluídos” fala a coordenadora da Cáritas Diocesana de Pesqueira e membro da coordenação executiva da ASA PE, Neilda Pereira.

As ações da Cáritas Diocesana de Pesqueira perpetuam uma força que também faz parte dos movimentos do Grito dos Excluídos. A causa rodeia o mote de promover a melhoria da qualidade de vida de milhões de pessoas, despertando em todos o sentimento de humanidade. O Grito dos Excluídos se estrutura a partir desse caminho, do despertar para um coletivo de qualidade e da necessidade de uma transformação social.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ASA Pernambuco discute possibilidades de parceria com a Secretaria Executiva da Agricultura Familiar do estado

"As organizações se reuniram com o secretário, Aldo Santos, para discutir sobre as ações voltadas para a agricultura familiar no Semiárido pernambucano".

Aldo Santos, secretário executivo da agricultura familiar
No último dia 23 de agosto, na cidade de Afogados da Ingazeira, Sertão do Pajeú de Pernambuco, as organizações que integram o coletivo ampliado da Articulação no Semi-Árido Pernambucano (ASA-PE) se reuniram, com o objetivo de discutir, monitorar e encaminhar os processos internos da articulação estadual. Na ocasião, o Secretário Executivo da Agricultura Familiar (SEAF) do estado, Aldo Santos, participou da reunião e debateu com o grupo sobre o cenário e as perspectivas da secretaria, como também as ações no campo da agricultura familiar na região semiárida do estado.
Aldo Santos apresentou o organograma da SEAF, e destacou o contexto em que aconteceu a criação da secretaria que é ligada à Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (SARA) de Pernambuco. Para Aldo, a criação da secretaria é uma conquista, antes de tudo, da agricultura familiar no estado. “A secretaria foi um passo estratégico para o governo, e a minha indicação foi respaldada pelo Fórum de Agricultura Familiar e Reforma Agrária que desempenha um papel fundamental no estado”, pontua.
O secretário representou Pernambuco na coordenação da ASA Brasil durante muito tempo e contribuiu bastante com a articulação. “É uma ótima oportunidade ter um companheiro nosso no governo estadual, esse momento é muito importante para a ASA PE, receber o mesmo companheiro de caminhada, hoje em espaço diferente, mas que está lutando e fazendo com que as políticas do estado priorizem a agricultura familiar”, fala a atual coordenadora executiva da ASA/PE, Neilda Pereira.
Os movimentos e planos do governo para fortalecer a agricultura familiar no estado, contribuindo para a segurança alimentar, a geração de renda, a ampliação de unidades agrícolas e o desenvolvimento rural sustentável foram pontos abordados na fala de Aldo e discutidos em um momento de debate junto aos representantes das unidades territoriais e microrregionais das instituições pertencentes à rede ASA PE. “Queremos fortalecer a produção agrícola e garantir a segurança alimentar de famílias agricultoras do semiárido” fala o secretario.
A comercialização e as ações para fortalecer os produtos dos agricultores familiares no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foram um dos assuntos questionados pelos participantes ao secretário. O interesse da ASA PE na conduta do governo do estado em relação aos programas ficou claro e desponta na necessidade da própria articulação atentar-se para políticas e ações que priorizem a força dos agricultores nesses campos.
Diante as discussões, ficaram claras as perspectivas para as formulações de propostas amplas, por parte da ASA PE, que englobem todo o estado, com projetos articulados e não isolados que assim possam influenciar as condutas governamentais envolvendo as políticas públicas de Pernambuco. “Fazer essa experiência, que articula um conjunto de ações, vai trazer um referencial para o estado de PE nesse campo (da agricultura familiar)”, afirma Neilda Pereira.
Aldo Santos ainda reforçou a importância de o fórum ousar diante o poder público, apresentando e cobrando ações junto à convivência com o semiárido. Durante o processo de explanações e questionamentos dos passos do governo, estabeleceu-se a necessidade da ASA PE estar atenta aos projetos que viabilizem políticas públicas para o campo, não só junto ao poder público estadual, mas estabelecer diálogos com as diversas comissões municipais, fortalecendo assim a relação entre a ASA e os órgãos municipais, estaduais e federais, assim, dando um peso político maior a rede.  
“O semiárido foi sendo visto, foi sendo mostrado, depois da ASA” conta Aldo Santo. A frase reforça a importância que a Rede representa para o estado, para o país e, principalmente, para o semiárido. As articulações junto aos poderes públicos, a formulação de estratégias e projetos conjuntos mostram-se cruciais e estabelecem as perspectivas do fortalecimento da agricultura familiar e a influencia da ASA/PE para esses avanços.  

Arméle Dornelas e Mariana Landim
Núcleo de comunicação da ASA PE

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida - O veneno está na Mesa

Os agrotóxicos causam danos negativos tanto para a saúde do meio ambiente como para a humana. Para combater esses venenos que misturam-se às plantações e chegam às nossas mesas, foi lançada por 30 entidades da sociedade civil brasileira, movimentos sociais, entidades ambientalistas, estudantes, organizações ligadas a área da saúde e grupos de pesquisadores a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

A partir do mote da campanha, o cineasta Silvio Tendler desenvolveu um documentário que denuncia a problemática causada pelos agrotóxicos e que pode ser acessado nos links a seguir. 

Documentário: O Veneno está na mesa   


A Cáritas Diocesana de Pesqueira apoia a campanha e solicita o apoio na propagação dessa ação que faz parte do dia a dia no semiário e de milhões de pessoas pelo Brasil. 

Arméle Dornelas
Comunicadora Popular da Cáritas Diocesana de Pesqueira e membro do núcleo de Comunicação da ASA PE

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Diocese de Pesqueira completa 93 anos

O dia 2 de agosto de 2011 marcou o aniversário de 93 anos da Diocese de Pesqueira. Antes, conhecida como Diocese de Floresta,  a entidade passou a ser denominada de Diocese de Pesqueira em 1918 pelo Papa Bento XV, incorporando assim a Diocese de Floresta e parte da Arquidiocese de Olinda e Recife.
Hoje, a Diocese de Pesqueira é composta por 25 paróquias distribuídas em 13 municípios: Alagoinha, Arcoverde, Belo Jardim, Brejo da Madre de Deus, Buíque, Jataúba, Pedra, Pesqueira, Poção, Sanharó, Sertânia, Tupanatinga e Venturosa.
De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE em 2007, 434.608 pessoas habitam o território diocesano.
O Último Bispo, Dom Francisco Biasin, liderou a Diocese de Pesqueira desde 2003 e esse ano assumirá o bispado na Diocese de Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. Enquanto não há a nomeação de um novo Bispo, o padre Adilson Simões, de Arcoverde, assumirá a administração da Diocese.

Celebração de Aniversário:

A terça-feira, 2 de agosto, foi marcada pela celebração do aniversário da Diocese de Pesqueira. Uma missa em sua homenagem aconteceu na sé episcopal, a Catedral de Santa Águeda, e foi celebrada pelo atual administrador da Diocese, padre Adilson Simões. O momento contou ainda com a presença da prefeita Cleide Oliveira, das pastorais sociais e dos moradores da cidade que foram prestigiar a Diocese em mais um ano de história.   


Arméle Dornelas
Comunicadora Popular da Cáritas Diocesana de Pesqueira e membro do núcleo de comunicação da ASA PE.

Neilda Pereira assume presidência do Conselho Regional da Cáritas

No último Sábado, 30 de julho, a coordenadora da Cáritas Diocesana de Pesqueira, Neilda Pereira, assumiu mais um desafio: a presidência do Conselho Regional da Cáritas. A nomeação aconteceu durante o III Congresso e VI Assembléia da Cáritas Regional Nordeste 2 em Recife. Esse foi um importante passo para o fortalecimento das ações de toda a rede Cáritas.
Neilda comenta sua nomeação: ”o desafio exige serenidade frente a essa responsabilidade que estou assumindo, uma empreitada que trata-se de um espaço de gestão das ações da Cáritas. A minha expectativa é de dar continuidade ao trabalho da Cártias no Regional Nordeste 2 junto às entidades membros e secretariado regional, afim de fortalecer a missão da Cáritas nesse regional”.    

Arméle Dornelas
Comunicadora Popular da Cáritas Diocesana de Pesqueira e membro do nucleo de comunicação da ASAPE

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Dia do Agricultor Familiar – Experiências de sustentabilidade no semiárido


Seu Cícero e sua plantação de Maxixe orgâncio
Em homenagem ao dia do agricultor familiar - 28 de julho – o Solidariedade pela Vida trouxe casos exitosos e que contemplam histórias de luta e dedicação de agricultores e agricultoras do sertão e agreste pernambucano. Esses trabalhadores são o grande exemplo de que a agricultura pode gerar frutos, girar uma economia, estabelecer a cidadania e o protagonismo rural e ainda estimular a esperança de se conviver com dignidade no semiárido.   

Responsabilidade social e ambiental, criatividade, determinação e otimismo recheiam o histórico de vida de cada agricultor descrito na reportagem. Eles representam os cerca de 13 milhões de brasileiros que se dedicam ao trabalho no campo e movimentam 70% do mercado alimentício nacional.

Com o apoio de instituições que incentivam a convivência sustentável no semiárido, como a Articulação no Semi-Árido (ASA) - fórum que a Diocese de Pesqueira faz parte através da Cáritas Diocesana - a vida de vários agricultores passou a tomar novos rumos, garantindo a continuidade do trabalho no campo e redobrando as esperanças de agricultores e agricultoras no semiárido.
A Construção de um Novo Caminho no semiárido
No povoado de Pindoba, em Alagoinha, os moradores descobriram uma nova forma de viver bem com o trabalho no campo. Através da Associação Comunitária de Agricultores e Artesãos do Povoado de Pindoba, os moradores da região começaram a ver impactos positivos em seu meio através do trabalho no campo e da produção de arte.


“A agricultura e o artesanato são o que temos de melhor e espero continuar com eles”, comenta o presidente da Associação Comunitária de Agricultores e Artesãos do Povoado de Pindoba, Lorival Alves dos Santos. Os dois ofícios caminhando juntos na região trazem uma nova perspectiva para a produção agrícola, mobilizam toda uma comunidade e colocam o semiárido como referencia internacional. Daqui para frente Seu Lorival só tem espaço para o otimismo: “A gente sempre espera que o futuro seja melhor, porque se a gente for pensar em um futuro pior, vai andar pra trás”, comenta.
Nas terras de Pindoba, existem diversificados tipos de plantações, porém, o principal produto é o milho. Essa cultura aparece como fundamental não só para a alimentação das famílias, mas serve como matéria prima para a confecção do artesanato local. Com a intervenção da Articulação no Semi-Árido (ASA), através da Cáritas Diocesana de Pesqueira, a comunidade local pode fortificar sua produção. Isso porque em 2010 o povoado foi beneficiado com um tanque de Pedra, melhorando o acesso a água, o que estimulou o cultivo da agricultura.

Os quarenta e cinco integrantes da Associação local, entre homens, mulheres e jovens, dedicam-se a agricultura ou ao artesanato, e até mesmo aos dois ao mesmo tempo. Bolsas de variados modelos, bonecas, luminárias, flores, mesinhas de centro, revisteiros entre outros produtos de palha são confeccionados a partir da cultura do milho e já participaram de diversas Feiras de Artesanato nacional e estadual, como a Fenearte. E essa abrangência não se restringe apenas ao mercado brasileiro, o trabalho do povoado de Pindoba já chegou a países como Portugal, Itália e Alemanha.



Artesanato de palha feito em Pindoba

Outro caso que merece destaque é o de Rubiana de Melo Brito. Ela é um claro exemplo do protagonismo juvenil na agricultura. Com apenas 20 anos, a jovem é presidente da Associação dos moradores do Sítio Simião, em Venturosa, e integrante de alguns projetos sociais na comunidade.
Diferente de muitos jovens que se mudam para capitais em busca de uma vida melhor, Rubiana possui um olhar diferenciado e vem se dedicando cada vez mais às suas hortaliças e pés de frutas que futuramente ainda pretende comercializar. Essa determinação começou depois que a agricultora ingressou no Programa Uma Terra e Duas Águas da ASA, em 2010.
A família de Rubiana foi beneficiada com uma Cisterna Calçadão e outra de 16 mil litros. Além das tecnologias, um importante fator para seu desenvolvimento agrário foi a participação da jovem em intercâmbios de conhecimento junto a outros agricultores, proporcionados pela Articulação. Assim, ela pôde conhecer uma nova agricultura, uma agricultura sustentável.

Os novos conhecimentos fizeram com que a jovem ajudasse de maneira concreta a família no campo, gerando cada vez mais produtos e contribuindo com o meio ambiente. Esse zelo ambiental ela faz questão de propagar dentro de sua comunidade, conscientizando os outros moradores sobre a responsabilidade com a terra.

Rubiana está construindo seu papel como jovem protagonista no semiárido. Atuante e transformando a sociedade onde vive, a jovem destaca-se por sair do lugar comum e já sabe o que quer: “Daqui a vinte anos quero estar trabalhando no campo, em uma propriedade maior e com uma produção cada vez melhor”. Assim, Rubiana firma-se como uma esperança na agricultura familiar, no semiárido, no Brasil e na vida de muitas pessoas.

Assim como em Alagoinha e em Venturosa, o Sitio Periperi em Buíque também traz um interessante caso da agricultura familiar. Na região mora Sonia Maria Barbosa Manzo. A terra da agricultora é recheada de plantações diversas, em tamanho, cores e gostos. A trabalhadora de 39 anos começou a desenhar uma nova forma de aperfeiçoar sua produção no campo, respeitando o meio ambiente, a saúde de sua família e integrando um ciclo sustentável no semiárido.

Chegar hoje à propriedade de Sonia é deparar-se com plantações verdes e ricas, mas essa vista só tornou-se real há alguns anos. Antes, a rotina era difícil no Sítio Periperi, os moradores precisavam caminhar cerca de 10 quilômetros em busca de água. Mas em 2004, Sonia conheceu a Articulação no Semi-Árido (ASA) e através do projeto Uma Terra e Duas Águas, executado na região pela Diocese de Pesqueira através da Cáritas Diocesana, foi beneficiada com uma Cisterna de 16 mil litros e em 2009 com uma barragem subterrânea. 
A partir dos novos mecanismos de captação de água das chuvas, a agricultora passou a produzir e criar plantações antes não existentes em seu espaço. A nova perspectiva de utilização da água redobrou sua motivação para os afazeres no campo. As culturas abastecem a mesa da família agricultora e há três meses também servem na comercialização e no sustento da casa.

A parceria com o meio ambiente também apareceu de maneira forte. A extinção do uso do agrotóxico em suas produções é o retrato da conduta sustentável que Sônia leva em seu trabalho. A agricultora substitui o nocivo veneno pela urina do gado e pela manipueira, o que garante a qualidade da cultura que ela produz. “A gente só vai plantar coisas saudáveis aqui”, diz satisfeita. Essa atitude também faz com que suas plantações vivam e cresçam cada vez mais e com qualidade.

Outra ação que contribui para seu trabalho e para o meio ambiente é a forma como ela reaproveita as plantas mortas de seu território. A cultura que não floresce mais é utilizada como adubo para as outras plantações, evitando as queimadas e também otimizando os espaços no território o que permite um manejo adequado da terra, evitando o desmatamento e impedindo a desertificação.
Sônia e a barragem subterrânea que garante a água para as plantações
Com água de qualidade e alimentação saudável, Sônia promove o ciclo sustentável dentro de seu território. Dessa forma, sua família e a comunidade de Malhada Branca integram as boas perspectivas para a agricultura familiar, vivendo de seu excedente e alimentando-se de suas esperanças cada vez mais saudáveis.

Rubina, Lorival e Sonia representam diversos trabalhadores e trabalhadoras rurais que seguem na luta por uma agricultura saudável e que renda frutos para suas famílias, para a comunidade e, principalmente, para o dia a dia no semiárido. Incentivar e buscar políticas públicas que priorizem essa camada da população é pensar na sustentabilidade do processo agrícola, que respeita o meio ambiente e que chega à casa de milhões de brasileiros todos os dias. A agricultura como motor econômico pode integrar o ciclo sustentável no Brasil, criando novas alternativas e incentivando outros setores, integrando assim o desenvolvimento social, ambiental e econômico de todo o país.

Casal de agricultores familiares


Frutos da agricultura familiar, livres de agrotoxicos

Arméle Dornelas
Comunicadora popular da Cáritas Diocesana de Pesqueira e mrmbro do núcleo de comunicação da ASA PE.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Dom Francisco Biasin despede-se da Diocese de Pesqueira

No último domingo, 24, o bispo da Diocese de Pesqueira, Dom Fracisco Biasin, depois de oito anos de trabalhos na região, deparou-se com centenas de pessoas para recebê-lo em sua missa de despedida na Catedral de Santa Águeda na cidade de Pesqueira. Em agosto, o religioso segue para o Rio de Janeiro, onde assumirá a Diocese de Barra do Piraí em Volta Redonda como Bispo Diocesano.
A celebração contou com a presença de diversos padres, secretários municipais e estaduais, prefeitos dos 13 municípios que compõem o território Diocesano e vereadores da região. Secretários municipais e do governo estadual, assim como a prefeita de Pesqueira Cleide Oliveira e o governador de Pernambuco Eduardo Campos, acompanhado de sua esposa Renata Campos, também compareceram ao momento. Além das autoridades, a catedral revestiu-se de cerca de mil pessoas para saudar o Bispo em despedida.
A mobilização da população de Pesqueira para a homenagem de partida do Dom representa o importante percurso do religioso e sua influencia positiva e de bons frutos para as cidades atingidas pela atuação da Diocese. Enquanto Bispo, sempre atuou fortemente no âmbito social, principalmente no que diz respeito à convivência com o semiárido. A parceria entre a Diocese de Pesqueira e a Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA Brasil) demonstrou o compromisso da entidade e do Dom com a segurança alimentar, a qualidade de vida e o estímulo ao protagonismo de agricultores e agricultoras em cidades do agreste do estado.
O resultado dos trabalhos do Bispo significou avanços para Pernambuco e para o Nordeste. Desse modo, Eduardo Campos, em seu discurso ao Dom na celebração em Pesqueira, entregou-lhe a Medalha da Ordem do Mérito dos Guararapes, maior reconhecimento pelos serviços prestados ao Estado de Pernambuco. “Ele ajudou muito as comunidades rurais e a todo o povo que luta por justiça nesta região. Teve nele um líder religioso com muita qualidade e com muitas virtudes. Ele ajudou muito o nosso governo a se aproximar do povo”, destacou Cam­pos.
Pelo seu compromisso e testemunho com a Diocese de Pesqueira, Dom Francisco parte saudoso “A gente nunca esquece o primeiro amor”, diz. Seu novo caminho será distante, mas com as melhores perspectivas. Sua herança para Pesqueira e municípios vizinhos deverá ser continuada, buscando a efetivação de ações que procuram minimizar as desigualdades sociais, a criação de uma economia sustentável e a autonomia da população do semiárido, região tão bem conhecida por Dom Francisco Biasin.


Confira a reportagem veiculada no Bom Dia Pernambuco com falas de Dom Francisco e da coordenadora da Cáritas Diocesana Neilda Pereira, clique aqui.


Arméle Dornelas
Comunicadora Popular da Cáritas Diocesana de Pesqueira e membro do núcleo de comunicação da ASA PE.