quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ASA participa do II Encontro Latino Americano de Gestão Comunitária de Água e Saneamento


Na última terça-feira, o II Encontro Latino Americano de Gestão Comunitária de Água e Saneamento foi iniciado em Cusco, no Peru. O evento ocorrerá até o dia 15 de setembro e conta com a participação de representantes de entidades públicas, privadas, associações, federações, ong’s, técnicos, profissionais, lideranças e a sociedade civil em geral, todos tendo na gestão da água seus focos principais de trabalho. Entre eles está a coordenadora executiva da ASA Brasil pelo estado de Pernambuco e coordenadora da Cáritas Diocesana de Pesqueira, Neilda Pereira, a assessora do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) da ASA Brasil, Sandra Silveira, e o coordenador-geral de acesso à água do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) do Brasil, Igor Arsky. Os brasileiros irão integrar os debates que buscam dialogar sobre as oportunidades e mecanismos financeiros de acesso a água na America Latina e apresentarão a parceria na construção de cisternas entre a ASA e o MDS.
O objetivo central do evento em 2011 é explorar as diferentes alternativas para a criação e/ou ampliação de mecanismos financeiros de acesso a água nas regiões latino-americanas, contribuindo para um desenvolvimento sustentável. O momento criará espaços de troca de experiências que abordem iniciativas em gestão comunitária da água e de seu saneamento pelos países, fortalecendo os debates sobre a questão.

No encontro, a parceira da ASA junto ao MDS será compartilhada entre os participantes para mostrar a importância de serem feitas articulações entre a sociedade civil e o poder público na busca pela garantia do acesso a água para as populações que vivem em regiões de escassos recursos hídricos. Esse espaço levantará a trajetória desse trabalho e a importância da atuação da ASA para o fortalecimento da convivência digna no semiárido brasileiro.

Para Neilda Pereira, esse é um momento único para a socialização das experiências de gestão comunitária e saneamento da água na América latina, “Além de conhecer outras experiências vamos ter a oportunidade de apresentar as ações que temos desenvolvido na linha da convivência com o semiárido. No evento também teremos a oportunidade de participar do lançamento de uma publicação realizada pela Fundação da Avina sobre a ação da ASA como modelo de Governabilidade Democrática da água na América Latina, então, será um importante momento para a ASA” reforça Neilda.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Cáritas Diocesana promove capacitações para agricultores/as familiares

Com a parceira firmada entre a Articulação no Semi-Árido Pernambucano (ASA/PE)  e o Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (Prorural) do governo do estado, a Cáritas Diocesana de Pesqueira deu inicio às capacitações e implementações previstas nas ações do projeto. Até a penúltima semana do mês de agosto, cerca de 500 famílias agricultoras foram capacitadas a lidarem de maneira correta com os recursos hídricos, além de conhecerem a importância da utilização sustentável da água para o meio ambiente e para a sociedade. Noções de preservação da natureza e do respeito com a terra também são passadas aos trabalhadores rurais. Os ensinamentos  estimulam nos agricultores uma visão mais consciente do semiárido, bem como o seu papel como cidadão na realidade onde moram.

As capacitações são ministradas por educadores populares da região que, através de uma metodologia simples e atrativa, despertam nos participantes a importância de conhecer a terra onde vivem e a partir disso, pensarem em praticas que contribuam para  melhorias na qualidade de vida. Tupanatinga, Sertânia, Pesqueira e Buíque foram os municípios que inicialmente participaram das capacitações proporcionando aos agricultores dessas regiões a oportunidade de conhecerem experiências de gerenciamento e recursos hidricos e convivência com o semiárido.  A cidade de Poção  também terá famílias participando das capacitações ainda no mês de agosto e os municípios de Alagoinha, Pedra, Sertânia, Venturosa, Águas Belas, Bom Conselho, Caétes, Canhotinho, Itaíba, Iati, Jucati, Lagoa do Ouro, Lajedo, Paranatama, Saloá, São Bento do Una e São João também serão  atingidos durante o decorrer dos dez meses de parceria. Ao total, serão 2.737 famílias contempladas com cisternas e capacitadas, alavancando assim o processo rumo a solidificação da qualidade de vida nas regiões semiáridas. 

Encontro em Pesqueira estimula a autonomia do homem e da mulher do campo

Agricultores/as que participaram do encontro em Pesqueira
Rubiana de Melo Brito, jovem trabalhadora rural, veio de Venturos para se juntar aos cerca de 40 participantes do Encontro Territorial de Agricultores e Agricultoras que integram o Programa Uma Terra e Duas Águas da Articulação no Semi-Árido (ASA) organizado pela Cáritas Diocesana de Pesqueira. O evento aconteceu em Pesqueira nos dias 30 e 31 de agosto e ocorreu juntamente com o Encontro Comunitário, organizado pela mesma instituição. Os dois momentos aconteceram de forma integrada e buscaram despertar nos agricultores e agricultoras a consciência da importância da organização e da busca pelos seus direitos e políticas públicas que possam impactar positivamente a realidade nos municípios desses trabalhadores.

O momento contou com a presença de trabalhadores/as vindos de diversas cidades as quais a Cáritas Diocesana de Pesqueira atua. Além de Venturosa e Pesqueira, os municípios de Buíque, Tupanatina, Arcoverde, Sanharó, Lajedo e Poção estavam representados no acontecimento. Os dois dias, de intensas atividades, possibilitaram a troca de informações e o diálogo sobre a realidade de cada cidade presente. Os agricultores/as puderam construir coletivamente as perspectivas para as melhorias da qualidade de vida de seus municípios e avaliaram a realidade e as necessidades e dificuldades de cada região. 
Dentre os pontos abordados, os mais citados foram os que se referiam ao seguro safra, às necessidades de postos de saúde locais, da educação contextualizada, do transporte escolar, da conscientização do acesso ao crédito e de informações sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A importância da união e organização dos trabalhadores para garantir esses direitos também foi bastante enfocada. Entre os agricultores, ficou clara a importância de existir uma mobilização nas comunidades para que o acesso à essas políticas e benefícios possam acontecer, mas também que é necessário discernir o que é o assistencialismo e o que o grupo pode fazer para que a melhoria da qualidade de vida seja fruto, principalmente, de seus esforços. 

“Hoje, vou levar muita coisa daqui, acordar as pessoas para as necessidades do município, da importância de um posto de saúde em Venturosa, por exemplo. Também mostrar a elas que elas podem produzir e garantir o seu próprio sustento”, fala a agricultora Rubiana. Além da jovem, todos os outros participantes do encontro puderam levar para as suas comunidades a motivação de se mudar e melhorar a realidade onde vivem.

Gradativamente, a vida no semiárido passa a ganhar perspectivas de desenvolvimento econômico e social. O acesso a informação é um passo crucial nesse processo e a Cáritas Diocesana de Pesqueira entra nesse meio para impulsionar essa autonomia do homem e da mulher do campo e multiplicar o conhecimento entre os agricultores e agricultoras pernambucanos. 

Uma nova realidade, justa e igualitária para todos: O Grito dos Excluídos

Durante a primeira semana de setembro até o seu dia 7, aconteceram diversos movimentos que denunciaram os modelos que concentram as riquezas do país, exaltaram e reivindicaram formas de se minimizar as desigualdades sociais e despertaram na população o sentimento de causa e da necessidade do protagonismo social. Esse conjunto de ações compõe o Grito dos Excluídos, que acontece todos os anos e tem no dia da independência do Brasil seu símbolo de existência e de exaltação às camadas esquecidas da sociedade em busca de seus direitos e de um dia a dia mais digno.

Nessa perspectiva, o Solidariedade pela Vida trouxe a história desse importante movimento para a realidade brasileira e como a Cáritas Diocesana de Pesqueira congrega os valores e ideais do Grito, contribuindo para que sua causa seja perpetuada, incentivando uma cidadania ativa e participativa e a conscientização da população da necessidade da implantação de uma realidade plural, igualitária, livre de desigualdades e justa.

Um chamado de solidariedade e Protagonismo Social

Através do Setor Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nasceu o Grito dos Excluídos, uma forma de dar continuidade às reflexões em cima do lema da Campanha da Fraternidade de 1995, “Eras tu, Senhor”, que abordava o tema Fraternidade e Excluídos. A essa origem, também pode-se atribuir a necessidade de sequenciar os debates oriundos da 2º Semana Social Brasileira, realizada em 1993 e 1994, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”.
Assim, a concepção do Grito aconteceu para originar um processo de construção coletiva de mudanças na sociedade. O apoio de diversos movimentos sociais, populares e sindicais, de pastorais sociais, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e das inúmeras entidades e organizações que buscam o combate a exclusão social contribuíram e contribuem para a construção de debates e ações que transparecem nos Grito dos Excluídos.

Dessa forma, os pressupostos da movimentação do Grito remetem à luta pelas condições mínimas de sobrevivência e pelos direitos básicos humanos em uma perspectiva de garantir a dignidade de cada um e impulsionar uma autonomia social. Seu processo construtivo acontece de forma coletiva e, apesar de ser amplamente difundido durante a primeira semana de setembro e tendo o dia 7 como data oficial de sua contemplação, os movimentos são feitos durante todo o ano e resgatam a essência de se mostrar, reinvidicar e propor alternativas para fugir do modelo que concentra a renda e os direitos para poucos.  

Um dos desafios para as entidades e movimentos que desenvolvem ações que dialogam com as expectativas do Grito é conscientizar os próprios excluídos sobre a importância de uma organização e da criação de alternativas, propostas de políticas públicas e ações que os beneficiem e tragam mais dignidade as pessoas. 

Na Cáritas Diocesana de Pesqueira, as diversas Cáritas Paroquiais que a integram desenvolvem programas e ações que levam a diversos indivíduos alternativas e formas de se construir uma realidade melhor. Esses passos podem ser visto nas zonas rurais e urbanas do agreste e sertão pernambucano, através de ações que estimulam e qualificam a agricultura familiar, criam oportunidade para jovens e crianças que vivem à margem da sociedade, incentivam a educação, a prática de esportes, o protagonismo juvenil, o estímulo e a conscientização sobre a segurança alimentar e tantos outros atos que englobam e projetam um grito vindo de diversos lados, mas que rumam a uma autonomia social.

A Cáritas Diocesana de Pesqueira congrega uma rede de solidariedade através das Cáritas Paroquiais. São ações desenvolvidas em municípios próximos a Pesqueira e que priorizam a educação, a integração social, a cidadania e a autonomia de jovens, crianças e adultos de poucas oportunidades na sociedade. Um exemplo é a Cáritas Paroquial Santa Clara de Assis, na cidade deTupanatinga e que é assessorada pela Cáritas Diocesana de Pesqueira. Ela executa um importante projeto para o desenvolvimento local, o "Crescer com Cidadania".

Há dois anos, esse projeto vem mudando a realidade de jovens, crianças e famílias do municipio. O trabalho dá oportunidades de desenvolvimento profissional, educação para mães e filhos, integração das crianças na sociedade e outras benfeitorias para o público atingido. As atividades dão novas perspectivas para o futuro de cada um e estimulam a autonomia social.  

Outro ponto abordado pela Cáritas Diocesana de Pesqueira é o Incentivo aos debates em setores como o da agricultura familiar, que luta para sobreviver em uma realidade em que o agroneógocio se sobrepõe. Assim, ela também prioriza esse setor, exaltando a potencialidade da agricultura camponesa, estimulando a auto-estima do homem do campo e dando-lhes base para se estruturarem e viverem com as condições básicas para uma vida de qualidade.

A Cáritas Diocesana de Pesqueira atua na zona rural do agreste e sertão pernambucano, levando a famílias agricultoras possibilidades e alternativas para se trabalhar com dignidade no campo. Os trabalhadores rurais, a partir de suas ações, podem melhorar suas condições de vida e promover seu protagonismo social. A Cáritas Diocesana de Pesqueira faz parte da Articulação no Semi-Árido (ASA), rede que engloba diversos agentes que visam as melhorias de convivência no semiárido brasileiro e lutam por políticas públicas que alavanquem esse setor e possibilitem melhores qualidades de saúde, educação, produção e autonomia.  

Esses organismos levam ao homem do campo tecnologias de armazenamento da água das chuvas – Cisternas, Tanques de Pedra, Bombas Populares entre outros - para que às famílias rurais possam trabalhar com o recurso hídrico, essencial para a agricultura, durante todo o ano. Além disso, capacitações sobre as formas de cultivo, gerenciamento da água e cuidados com o meio ambiente são passados às famílias agricultoras, que depois da atuação das entidades, redescobriram a potencialidade e o prazer de se viver no campo. 

O incentivo ao protagonismo também é fortemente difundido. Despertar os agricultores e agricultoras para conquistarem seus direitos e se organizarem em busca de melhores condições de vida é um ponto bastante trabalhado. A partir da preparação e da organização desses trabalhadores e do acesso a informação, seus direitos podem ser conquistados e sua autonomia concretizada.

 “A Cáritas Diocesana de Pesqueira vem possibilitando a melhoria da qualidade de vida das pessoas, principalmente dos mais excluídos da sociedade. E é nessa perspectiva que nos unimos ao conjunto da igreja para fortalecer iniciativas como o grito dos excluídos” fala a coordenadora da Cáritas Diocesana de Pesqueira e membro da coordenação executiva da ASA PE, Neilda Pereira.

As ações da Cáritas Diocesana de Pesqueira perpetuam uma força que também faz parte dos movimentos do Grito dos Excluídos. A causa rodeia o mote de promover a melhoria da qualidade de vida de milhões de pessoas, despertando em todos o sentimento de humanidade. O Grito dos Excluídos se estrutura a partir desse caminho, do despertar para um coletivo de qualidade e da necessidade de uma transformação social.