Seu Cícero e sua plantação de Maxixe orgâncio |
Em homenagem ao dia do agricultor familiar - 28 de julho – o Solidariedade pela Vida trouxe casos exitosos e que contemplam histórias de luta e dedicação de agricultores e agricultoras do sertão e agreste pernambucano. Esses trabalhadores são o grande exemplo de que a agricultura pode gerar frutos, girar uma economia, estabelecer a cidadania e o protagonismo rural e ainda estimular a esperança de se conviver com dignidade no semiárido.
Responsabilidade social e ambiental, criatividade, determinação e otimismo recheiam o histórico de vida de cada agricultor descrito na reportagem. Eles representam os cerca de 13 milhões de brasileiros que se dedicam ao trabalho no campo e movimentam 70% do mercado alimentício nacional.
Responsabilidade social e ambiental, criatividade, determinação e otimismo recheiam o histórico de vida de cada agricultor descrito na reportagem. Eles representam os cerca de 13 milhões de brasileiros que se dedicam ao trabalho no campo e movimentam 70% do mercado alimentício nacional.
Com o apoio de instituições que incentivam a convivência sustentável no semiárido, como a Articulação no Semi-Árido (ASA) - fórum que a Diocese de Pesqueira faz parte através da Cáritas Diocesana - a vida de vários agricultores passou a tomar novos rumos, garantindo a continuidade do trabalho no campo e redobrando as esperanças de agricultores e agricultoras no semiárido.
A Construção de um Novo Caminho no semiárido
No povoado de Pindoba, em Alagoinha, os moradores descobriram uma nova forma de viver bem com o trabalho no campo. Através da Associação Comunitária de Agricultores e Artesãos do Povoado de Pindoba, os moradores da região começaram a ver impactos positivos em seu meio através do trabalho no campo e da produção de arte.
“A agricultura e o artesanato são o que temos de melhor e espero continuar com eles”, comenta o presidente da Associação Comunitária de Agricultores e Artesãos do Povoado de Pindoba, Lorival Alves dos Santos. Os dois ofícios caminhando juntos na região trazem uma nova perspectiva para a produção agrícola, mobilizam toda uma comunidade e colocam o semiárido como referencia internacional. Daqui para frente Seu Lorival só tem espaço para o otimismo: “A gente sempre espera que o futuro seja melhor, porque se a gente for pensar em um futuro pior, vai andar pra trás”, comenta.Nas terras de Pindoba, existem diversificados tipos de plantações, porém, o principal produto é o milho. Essa cultura aparece como fundamental não só para a alimentação das famílias, mas serve como matéria prima para a confecção do artesanato local. Com a intervenção da Articulação no Semi-Árido (ASA), através da Cáritas Diocesana de Pesqueira, a comunidade local pode fortificar sua produção. Isso porque em 2010 o povoado foi beneficiado com um tanque de Pedra, melhorando o acesso a água, o que estimulou o cultivo da agricultura.
Os quarenta e cinco integrantes da Associação local, entre homens, mulheres e jovens, dedicam-se a agricultura ou ao artesanato, e até mesmo aos dois ao mesmo tempo. Bolsas de variados modelos, bonecas, luminárias, flores, mesinhas de centro, revisteiros entre outros produtos de palha são confeccionados a partir da cultura do milho e já participaram de diversas Feiras de Artesanato nacional e estadual, como a Fenearte. E essa abrangência não se restringe apenas ao mercado brasileiro, o trabalho do povoado de Pindoba já chegou a países como Portugal, Itália e Alemanha.
Outro caso que merece destaque é o de Rubiana de Melo Brito. Ela é um claro exemplo do protagonismo juvenil na agricultura. Com apenas 20 anos, a jovem é presidente da Associação dos moradores do Sítio Simião, em Venturosa, e integrante de alguns projetos sociais na comunidade.
Diferente de muitos jovens que se mudam para capitais em busca de uma vida melhor, Rubiana possui um olhar diferenciado e vem se dedicando cada vez mais às suas hortaliças e pés de frutas que futuramente ainda pretende comercializar. Essa determinação começou depois que a agricultora ingressou no Programa Uma Terra e Duas Águas da ASA, em 2010.
A família de Rubiana foi beneficiada com uma Cisterna Calçadão e outra de 16 mil litros. Além das tecnologias, um importante fator para seu desenvolvimento agrário foi a participação da jovem em intercâmbios de conhecimento junto a outros agricultores, proporcionados pela Articulação. Assim, ela pôde conhecer uma nova agricultura, uma agricultura sustentável.
Os novos conhecimentos fizeram com que a jovem ajudasse de maneira concreta a família no campo, gerando cada vez mais produtos e contribuindo com o meio ambiente. Esse zelo ambiental ela faz questão de propagar dentro de sua comunidade, conscientizando os outros moradores sobre a responsabilidade com a terra.
Os novos conhecimentos fizeram com que a jovem ajudasse de maneira concreta a família no campo, gerando cada vez mais produtos e contribuindo com o meio ambiente. Esse zelo ambiental ela faz questão de propagar dentro de sua comunidade, conscientizando os outros moradores sobre a responsabilidade com a terra.
Rubiana está construindo seu papel como jovem protagonista no semiárido. Atuante e transformando a sociedade onde vive, a jovem destaca-se por sair do lugar comum e já sabe o que quer: “Daqui a vinte anos quero estar trabalhando no campo, em uma propriedade maior e com uma produção cada vez melhor”. Assim, Rubiana firma-se como uma esperança na agricultura familiar, no semiárido, no Brasil e na vida de muitas pessoas.
Assim como em Alagoinha e em Venturosa, o Sitio Periperi em Buíque também traz um interessante caso da agricultura familiar. Na região mora Sonia Maria Barbosa Manzo. A terra da agricultora é recheada de plantações diversas, em tamanho, cores e gostos. A trabalhadora de 39 anos começou a desenhar uma nova forma de aperfeiçoar sua produção no campo, respeitando o meio ambiente, a saúde de sua família e integrando um ciclo sustentável no semiárido.
Chegar hoje à propriedade de Sonia é deparar-se com plantações verdes e ricas, mas essa vista só tornou-se real há alguns anos. Antes, a rotina era difícil no Sítio Periperi, os moradores precisavam caminhar cerca de 10 quilômetros em busca de água. Mas em 2004, Sonia conheceu a Articulação no Semi-Árido (ASA) e através do projeto Uma Terra e Duas Águas, executado na região pela Diocese de Pesqueira através da Cáritas Diocesana, foi beneficiada com uma Cisterna de 16 mil litros e em 2009 com uma barragem subterrânea.
A partir dos novos mecanismos de captação de água das chuvas, a agricultora passou a produzir e criar plantações antes não existentes em seu espaço. A nova perspectiva de utilização da água redobrou sua motivação para os afazeres no campo. As culturas abastecem a mesa da família agricultora e há três meses também servem na comercialização e no sustento da casa.
A parceria com o meio ambiente também apareceu de maneira forte. A extinção do uso do agrotóxico em suas produções é o retrato da conduta sustentável que Sônia leva em seu trabalho. A agricultora substitui o nocivo veneno pela urina do gado e pela manipueira, o que garante a qualidade da cultura que ela produz. “A gente só vai plantar coisas saudáveis aqui”, diz satisfeita. Essa atitude também faz com que suas plantações vivam e cresçam cada vez mais e com qualidade.
Outra ação que contribui para seu trabalho e para o meio ambiente é a forma como ela reaproveita as plantas mortas de seu território. A cultura que não floresce mais é utilizada como adubo para as outras plantações, evitando as queimadas e também otimizando os espaços no território o que permite um manejo adequado da terra, evitando o desmatamento e impedindo a desertificação.
Sônia e a barragem subterrânea que garante a água para as plantações |
Com água de qualidade e alimentação saudável, Sônia promove o ciclo sustentável dentro de seu território. Dessa forma, sua família e a comunidade de Malhada Branca integram as boas perspectivas para a agricultura familiar, vivendo de seu excedente e alimentando-se de suas esperanças cada vez mais saudáveis.
Rubina, Lorival e Sonia representam diversos trabalhadores e trabalhadoras rurais que seguem na luta por uma agricultura saudável e que renda frutos para suas famílias, para a comunidade e, principalmente, para o dia a dia no semiárido. Incentivar e buscar políticas públicas que priorizem essa camada da população é pensar na sustentabilidade do processo agrícola, que respeita o meio ambiente e que chega à casa de milhões de brasileiros todos os dias. A agricultura como motor econômico pode integrar o ciclo sustentável no Brasil, criando novas alternativas e incentivando outros setores, integrando assim o desenvolvimento social, ambiental e econômico de todo o país.
Casal de agricultores familiares |
Frutos da agricultura familiar, livres de agrotoxicos |
Arméle Dornelas
Comunicadora popular da Cáritas Diocesana de Pesqueira e mrmbro do núcleo de comunicação da ASA PE.
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