Participantes do intercâmbio da Paraíba |
Dias 04 e 05 de setembro
a Diocese de Pesqueira, através da Cáritas Diocesana de Pesqueira promoveu mais
um intercâmbio de experiências, o primeiro dia na área indígena Xukuru e o
outro em Alagoinha, na Comunidade de Lage do Carrapicho. Participaram do evento
representantes do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Ingá; Sindicato dos Trabalhadores de Agricultura
Familiar em Fagundes; Pastoral da Criança e Pastoral da Terra. Todas as
organizações da Paraíba, sendo representados pelos municípios de Ingá, Mageiro,
Campina Grande, Fagundes e Itaturuba.
Na área indígena o
evento aconteceu na Aldeia Santana, na Serra do Ororubá, em Pesqueira, e teve
como objetivo a troca de saberes locais entre os/as agricultores/as. Roseilda Couto, coordenadora do Programa Uma
Terra e Duas Águas conduziu o grupo até a área indígena. “É importante dizer
que trazer pessoas de outros estados para conhecer essas experiências é uma
forma de valorizar o trabalho dos agricultores e a troca de experiências entre os
mesmos”, informou Roseilda.
Quem recebeu os
participantes do evento na área indígena foi o representante da aldeia José
Bandeira, que fez uma retrospectiva dos antepassados Xukuru pontuando a
história de Xicão Xukuru, o renomado cacique que foi assassinado em 1988,
devido às lutas pela posse das terras na área indígena. “Junto com o cacique Xicão a gente fez a primeira retomada de terras na
aldeia São José, e depois na aldeia Caípe”, disse Seu José.
Hoje a etnia conta com
11.600 índios. Cada uma das 26 aldeias Xukuru possui uma liderança. A etnia
ainda conta com um cacique, que é Marcos Luídson, conhecido como Marquinhos; e
um pajé, Seu Zequinha.
A
etnia Xukuru - os Xukuru, conhecido pela organização
comunitária, possuem uma comissão interna para resolver os mais diversos tipos
de problemas ocorridos entre a etnia, que foi criado pelo cacique Xicão. Além
disso possuem um sistema de saúde e educação diferenciado. “A força grande ajuda a pequena, e a força
pequena ajuda a grande”, aprendeu Seu Absalão Francisco, participante de evento
e agricultor do assentamento José Antônio Eufrouzino, em Campina Grande.
Os Xukuru mantém uma
religiosidade típica dos índios do nordeste, com a dança do Toré e a
preservação de símbolos sagrados, como a Pedra do Rei do Ororubá, onde foi
enterrado o cacique Xicão e outras lideranças indígenas assassinadas devido aos
conflitos de terras.
Em relação às práticas
ecológicas, os Xukuru praticam a agroecologia na reserva, utilizando os
próprios recursos naturais para produzir insumos para as plantas, quando
utilizam os ensinamentos repassados pelos índios mais antigos.
Lage
do Carrapicho – o segundo dia do intercâmbio aconteceu na
comunidade Lage do Carrapicho, no município de Alagoinha/PE. O grupo foi acolhido
pela liderança da comunidade Dona Carminha e toda comunidade integrante, que fez
um resgate de como iniciaram as atividades na comunidade. Em 2005, vinte
famílias da comunidade receberam como incentivo do governo uma cabra, que
quando reproduzisse seria cedida para mais uma família que ainda não tinha sido
beneficiada. Esse foi o pontapé inicial para que os integrantes da comunidade
de Lage do Carrapicho pudessem perceber a importância econômica da criação
desse tipo de animal do semiárido, que requer pouca água e se alimenta da
vegetação endêmica.
Hoje em torno de 25
famílias trabalham ativamente com a criação de cabras nessa comunidade, o que
vêm trazendo bons resultados como: fabricação de iogurte, apoio do governo
estadual em ações de grande visibilidade – como o torneio leiteiro que acontece
todos os anos no mês de agosto. Dessa forma, o trabalho vem garantindo a
permanência das famílias na zona rural e em especial dos jovens que hoje
participam das ações/atividades, gerando mais perspectiva de sustentabilidade
nas suas bases e garantir o jovem no campo significa a segurança de não
acontecer o êxodo rural.
Mesmo durante esse
último longo período de estiagem, através de um fundo rotativo, muitas famílias
não passaram necessidades, pois estavam com a produção garantida.
Tais experiências
enriqueceram ainda mais a troca de experiências entre os/as agricultores/as que
vieram da Paraíba e os agricultores/as Xukuru e da comunidade da Lage do
Carrapicho.
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