segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Intercâmbio de experiências entre índios Xukuru, comunidade Lage do Carrapicho e agricultores/as da Paraíba


Participantes do intercâmbio da Paraíba
Dias 04 e 05 de setembro a Diocese de Pesqueira, através da Cáritas Diocesana de Pesqueira promoveu mais um intercâmbio de experiências, o primeiro dia na área indígena Xukuru e o outro em Alagoinha, na Comunidade de Lage do Carrapicho. Participaram do evento representantes do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Ingá;  Sindicato dos Trabalhadores de Agricultura Familiar em Fagundes; Pastoral da Criança e Pastoral da Terra. Todas as organizações da Paraíba, sendo representados pelos municípios de Ingá, Mageiro, Campina Grande, Fagundes e Itaturuba.

Na área indígena o evento aconteceu na Aldeia Santana, na Serra do Ororubá, em Pesqueira, e teve como objetivo a troca de saberes locais entre os/as agricultores/as.  Roseilda Couto, coordenadora do Programa Uma Terra e Duas Águas conduziu o grupo até a área indígena. “É importante dizer que trazer pessoas de outros estados para conhecer essas experiências é uma forma de valorizar o trabalho dos agricultores e a troca de experiências entre os mesmos”, informou Roseilda.

Quem recebeu os participantes do evento na área indígena foi o representante da aldeia José Bandeira, que fez uma retrospectiva dos antepassados Xukuru pontuando a história de Xicão Xukuru, o renomado cacique que foi assassinado em 1988, devido às lutas pela posse das terras na área indígena. “Junto com o cacique Xicão a gente fez a primeira retomada de terras na aldeia São José, e depois na aldeia Caípe”, disse Seu José.

Hoje a etnia conta com 11.600 índios. Cada uma das 26 aldeias Xukuru possui uma liderança. A etnia ainda conta com um cacique, que é Marcos Luídson, conhecido como Marquinhos; e um pajé, Seu Zequinha. 

A etnia Xukuru - os Xukuru, conhecido pela organização comunitária, possuem uma comissão interna para resolver os mais diversos tipos de problemas ocorridos entre a etnia, que foi criado pelo cacique Xicão. Além disso possuem um sistema de saúde e educação diferenciado.  “A força grande ajuda a pequena, e a força pequena ajuda a grande”, aprendeu Seu Absalão Francisco, participante de evento e agricultor do assentamento José Antônio Eufrouzino, em Campina Grande.
Os Xukuru mantém uma religiosidade típica dos índios do nordeste, com a dança do Toré e a preservação de símbolos sagrados, como a Pedra do Rei do Ororubá, onde foi enterrado o cacique Xicão e outras lideranças indígenas assassinadas devido aos conflitos de terras.

Em relação às práticas ecológicas, os Xukuru praticam a agroecologia na reserva, utilizando os próprios recursos naturais para produzir insumos para as plantas, quando utilizam os ensinamentos repassados pelos índios mais antigos.

Lage do Carrapicho – o segundo dia do intercâmbio aconteceu na comunidade Lage do Carrapicho, no município de Alagoinha/PE. O grupo foi acolhido pela liderança da comunidade Dona Carminha e toda comunidade integrante, que fez um resgate de como iniciaram as atividades na comunidade. Em 2005, vinte famílias da comunidade receberam como incentivo do governo uma cabra, que quando reproduzisse seria cedida para mais uma família que ainda não tinha sido beneficiada. Esse foi o pontapé inicial para que os integrantes da comunidade de Lage do Carrapicho pudessem perceber a importância econômica da criação desse tipo de animal do semiárido, que requer pouca água e se alimenta da vegetação endêmica.

Hoje em torno de 25 famílias trabalham ativamente com a criação de cabras nessa comunidade, o que vêm trazendo bons resultados como: fabricação de iogurte, apoio do governo estadual em ações de grande visibilidade – como o torneio leiteiro que acontece todos os anos no mês de agosto. Dessa forma, o trabalho vem garantindo a permanência das famílias na zona rural e em especial dos jovens que hoje participam das ações/atividades, gerando mais perspectiva de sustentabilidade nas suas bases e garantir o jovem no campo significa a segurança de não acontecer o êxodo rural.
Mesmo durante esse último longo período de estiagem, através de um fundo rotativo, muitas famílias não passaram necessidades, pois estavam com a produção garantida.

Tais experiências enriqueceram ainda mais a troca de experiências entre os/as agricultores/as que vieram da Paraíba e os agricultores/as Xukuru e da comunidade da Lage do Carrapicho.



Nenhum comentário:

Postar um comentário