Os debates em torno do desenvolvimento rural sustentável e solidário, em
Pernambuco iniciaram nesta terça-feira (03) e seguem até quarta (04). O
município de Pesqueira, localizado a 215 quilômetros de Recife, tem sediado a
2ª Conferência Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário que
teve início às 10h, no Hotel Cruzeiro.
A Articulação no Semiárido Pernambucano (ASA/PE) marcou presença no
evento através de diversas organizações que estiveram representadas, dentre
essas o Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), Diocese de Pesqueira, Centro
Sabiá e Diocese de Caruaru. No primeiro dia da conferência Neilda Pereira,
coordenadora executiva da Articulação no Semiárido pelo estado de Pernambuco e
coordenadora geral da Cáritas Diocesana de Pesqueira, apresentou o painel Políticas Públicas de Inclusão Social e
Produtiva no Contexto do Semiárido Pernambucano. “É impossível fazer este
debate sem pensar na integração das políticas públicas. Olhar hoje para o
semiárido é olhar para as histórias de resistência. Nós precisamos olhar as
especificidades da nossa região. Ou a gente muda o olhar de discutir as
políticas públicas, ou na próxima seca nós vamos ainda discutir sobre carro
pipa”, disse Neilda Pereira, que ainda pontuou a importância de colocar em prática
o controle social e falou sobre os marcos de avanço no estado de Pernambuco com
a Política Estadual de Convivência com o Semiárido e Política Estadual de
Combate a Desertificação.
Neilda Pereira, coordenadora estadual da Cáritas Diocesana de Pesqueira; Fátima Quadrado, do CONDRAF e Germano de Barros, do Serta. |
O painel teve ainda como participante Fátima Quadrado, do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf) e foi mediado pro Germano
Barros, presidente do Serta, que dentre outros pontos defenderam a completude
do semiárido como forma de pensar em novas políticas públicas. “Nós afirmamos e
reafirmamos a abordagem territorial como instigante ao desenvolvimento”, disse
Fátima Quadrado. “O semiárido é um lugar
de cidadania, do direito, da cultura, do esporte”, completou Germano de Barros.
O ministro interino do Desenvolvimento Agrário (MDA), Laudemir Müller e
a diretora de Políticas para as Mulheres, Karla Hora participaram do evento,
bem como Aldo Santos , secretário de Agricultura e Reforma Agrária de
Pernambuco e Doriel Barros presidente da Federação dos Trabalhadores na
Agricultura do Estado de Pernambuco (FETAPE).
As conferências estaduais são estratégicas, defendeu o ministro
interino. “As conferências vão nos dar as bases para a construção do
plano nacional. Com elas vamos decidir as principais propostas para o
desenvolvimento rural sustentável e solidário que queremos para os próximos
anos”, disse. Laudemir ainda apontou que os debates em todos os estados
brasileiros vão envolver cerca de 40 mil pessoas. “Este é o espaço de discussão
do qual a sociedade civil participa junto com o Governo na definição das
grandes prioridades e principais diretrizes para as políticas públicas
direcionadas à agricultura familiar e reforma agrária”.
Na avaliação do delegado federal do MDA em Pernambuco, Demetrius
Fiorante, um aspecto importante do encontro é a possibilidade de participação
direta dos agricultores familiares para opinar e decidir sobre as políticas
públicas direcionadas ao setor. “Essa democracia participativa é muito
importante porque dá o respaldo a nossas políticas e ao mesmo tempo faz com que
a sociedade participe, fiscalize, ajude a implementar essas propostas”,
destacou.
As Conferências Estaduais precedem a 2ª Conferência Nacional de
Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, que será em outubro, em
Brasília. Conferências Territoriais e Municipais antecederam a Estadual com o
propósito de elaborar propostas acerca de diversos temas. Em Pernambuco já foram
feitas oito conferências territoriais, 29 municipais, uma conferência temática
da juventude e outra das mulheres rurais. No último dia da conferência (04)
serão eleitos os delegados da 2ª Conferência Nacional.
Os temas debatidos nos encontros tratam de Desenvolvimento
Socioeconômico e ambiental do Brasil Rural e fortalecimento da agricultura
familiar; reforma agrária e democratização do acesso a terra e aos recursos
naturais; Abordagem territorial como estratégia de desenvolvimento rural e
promoção da qualidade de vida, entre outros.
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