Evento solene reuniu centenas de pessoas interessadas em conhecer proposta da sociedade civil
Por Mariana Landim – Assessora de Comunicação da ASA-PE
Foto: Daniel Lamir | Arquivo ASAcom |
“Diretrizes para a convivência com o Semiárido – Uma contribuição da sociedade civil para a construção de políticas públicas”. Este é o nome do documento que foi apresentado e entregue aos governos, na última quarta-feira (20), na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), no Recife. A proposta tem o objetivo de convocar outros setores da sociedade e do governo a pensarem na região semiárida de maneira permanente, não só em períodos de seca.
Afirmações como “A seca não dá mais ibope” e “Não se deve fazer da seca, uma oportunidade”, marcaram o evento, que contou com a participação de representantes dos governos federal e estadual; da sociedade civil de vários estados do Nordeste; movimentos sociais; estudantes; agricultores/as; lideranças políticas, sindicais e religiosas; além da coordenadora executiva da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) pelo estado de Pernambuco, Neilda Pereira.
Foto: Daniel Lamir | Arquivo ASAcom |
O reitor da Unicap, Padre Pedro, desejou as boas vindas aos participantes, e em seguida foi formada uma mesa. Em sua fala, o Arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, fez um resgate histórico acerca da realidade vivenciada pelas populações do Semiárido em tempos de seca, e também explicou sobre as iniciativas tomadas pela sociedade civil e Igreja Católica desde que as pessoas começaram a sofrer com os efeitos da estiagem, ano passado.
Para o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), Doriel Barros, ninguém se identifica com um Semiárido triste e desolador, mas sim com um Semiárido diferente. “Esse documento precisa ser reproduzido para que no futuro tenhamos outro cenário frente à seca. A nossa luta é por um Semiárido forte e feliz”, pontua.
O evento ainda teve a presença de um sanfoneiro, e também houve a exibição de dois vídeos, “A seca” e “Alternativas de convivência com o Semiárido implementadas pela sociedade civil organizada”. Na ocasião, o público participante assistiu as questões que envolvem a problemática da seca, em contraponto, às ações exitosas desenvolvidas na região semiárida, que contribuem com uma convivência digna e sustentável.
Foto: Daniel Lamir | Arquivo ASAcom |
Segundo Neilda Pereira, o documento é fruto do acúmulo da sociedade civil organizada. “Nós temos construído um conjunto de ações de convivência com o Semiárido, e nesse sentido, chamamos a responsabilidade dos governos, como forma de garantir que as experiências desenvolvidas nesta região se transformem em políticas estruturantes e transformadoras. O Semiárido não é um lugar de coitadinhos e coitadinhas, mas sim de pessoas que tem mostrado a sua capacidade e a sua resistência de viver com dignidade”, assegura.
Foto: Daniel Lamir | Arquivo ASAcom |
A proposta foi apresentada por um dos representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Givanilson Silva, que durante a sua fala, mostrou os índices pluviométricos, os dados relevantes sobre as secas anteriores, além das perspectivas para os próximos anos. O documento foi assinado pela Arquidiocese de Olinda e Recife, Contag, Federações dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais dos nove estados do Nordeste, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, CUT/PE, ASA Brasil, Cáritas NE2, Centro Sabiá, Instituto Cidadania do Nordeste, CPT e MST, e entregue aos representantes dos governos federal e estadual. A iniciativa teve o apoio do deputado de Pernambuco, Manoel Santos.
Diretrizes apontam caminhos para uma vida digna no Semiárido
O documento contempla dez eixos que servirão para subsidiar na construção de políticas públicas que, de maneira efetiva, coloquem o Semiárido num patamar de desenvolvimento sustentável, reconhecendo suas potencialidades. São eles: organização, gestão e financiamento; tecnologias sociais; fortalecimento da infraestrutura hídrica e saneamento; reforma agrária e regularização fundiária; política agrícola; assistência técnica e extensão rural; educação contextualizada; soberania e segurança alimentar e nutricional; meio ambiente; e povos e culturas.
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