Participantes do intercâmbio conhecendo uma cisterna de enxurrada |
Dia 24 de maio, o Sítio
Poços, em Arcoverde, foi cenário do Intercâmbio de Experiências do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Simone
Bezerra foi a anfitriã, recebendo aproximadamente 30 convidados em sua
residência. Vieram para o Intercâmbio agricultores de Buíque, Pedra e Arcoverde
beneficiados com as tecnologias sociais do P1 + 2. O intuito do intercâmbio é
compartilhar o conhecimento sobre as técnicas aplicadas à agricultura e
pecuária.
Durante o evento foram
visitadas diversas tecnologias sociais de captação de água, como a cisterna
calçadão, cisterna de enxurrada e tanque de pedra, além de visita a comunidades
que possuem experiências exitosas na área de agricultura e criação de animais.
“É bom a gente estar se preparando. É importante a gente aprender no local em
que vive. Talvez essa seca que a gente viveu agora nos desperte a conviver com
o semiárido”, disse Justino Neto, técnico agrícola da Diocese de Pesqueira, que
falou sobre a importância do evento.
“Que esta experiência que nós estamos vivendo, possamos levar para a nossa
prática”, reforçou Misael, técnico agrícola sobre o caráter pedagógico do
evento.
Simone Bezerra mantém
em sua propriedade uma cisterna de 16 mil litros, uma cisterna de enxurrada e
mais um caldeirão onde foi aproveitada a própria geologia da região, formada
por grandes rochas. “Esse caldeirão foi feito manualmente. Eu pretendo ampliar
a parede para ampliar a captação de água”, explicou Simone, que mantém os
animais organizados em locais fechados, para a evitar a contaminação da água.
Simone cria galinhas, gado, bodes e cabras. Andreza Pereira, técnica agrícola
da Diocese de Pesqueira também falou sobre a importância da organização dos
espaços nas comunidades rurais.
Sustentabilidade
local- Várias alternativas sustentáveis foram observadas
na casa de Simone Bezerra, que recebeu os participantes do intercâmbio. Simone costuma reaproveitar troncos de árvore
para fazer bancos, poltronas e mesas artesanais. Além disso, Simone reutiliza a
água da lavagem dos pratos e da roupa para regar a horta, que tem uma
diversidade de culturas como tomate, cebolinha, alface, couve, dentre outras,
bem como fruteiras e hortas. A cobertura de folhas que cai das árvores, Simone
não recolhe, mas utiliza como adubo natural e proteção do solo.
A
alternativa da forragem - A utilização de plantas da própria
caatinga foi um dos pontos de destaque observados na propriedade de Simone, uma
vez que a forragem é uma das alternativas mais eficientes a ser utilizada
especialmente durante a estiagem. “O certo é juntar a coivara, pois se você
queimar a terra, mata os seus nutrientes”, ensinou Misael, técnico agrícola da
Cáritas Diocesana de Pesqueira. Na questão de plantas Simone ainda ensinou
sobre a utilização de insumos naturais para combater pragas e s tipos de palma
existentes que são resistentes à cochonilha, como a palma orelha de elefante. O
armazenamento de sementes orgânicas foi também um destaque da conversa, a fim
de garantir sementes acessíveis e sem agrotóxicos. “Se você faz o banco de
sementes, vai ter semente de qualidade para o ano todo”, explicou Misael.
A
atuação da ASA e Diocese de Pesqueira - A ausência de política
pública contextualizada foi outro assunto trazido à tona. Simone afirmou que
nunca foi visitada por nenhum político, nem mesmo durante as eleições, o que
mostra o abandono da comunidade e comprova que os méritos do trabalho
desenvolvido na propriedade são frutos tão somente da família e organizações
que a Articulação no Semiárido – ASA, que leva o P1 + 2 através da Diocese de
Pesqueira na região." A gente nunca teve um prefeito ou vereador que nos
visitasse. O que temos é com esforços próprios”, disse Simone. O Programa
Uma Terra e Duas Águas tem como objetivo primordial oferecer tecnologias de
captação de água em quantidade e qualidade adequadas para produção agrícola e
criação de animais a fim de fortalecer a segurança alimentar e nutricional.
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