Confira a entrevista da secretária executiva da
Cáritas Diocesana de Pesqueira e Coordenadora Executiva da ASA Pernambuco,
Neilda Pereira. Nas próximas linhas, Neilda faz um balanço das principais
ações de 2013 e seus desafios e fala das perspectivas para 2014.
O Semiárido brasileiro, em particular o
pernambucano, está atravessando umas das maiores secas dos últimos 30 anos da
história da região. Passamos 2012 com muita dificuldade, mas também com muitas
conquistas. E como podemos avaliar o ano 2013 para a agricultura familiar face
a um contexto de grande estiagem?
Neilda Pereira - Embora sendo um ano que trouxe
dificuldades para as famílias agricultoras devido aos efeitos da longa estiagem
que alguns dizem que foi a maior dos últimos 30, 40, 50, enfim foi um ano onde
se mostrou claramente que precisamos investir na lógica da convivência com o
Semiárido. Isso, a partir de duas vertentes: 1) das pessoas que moram nessa
região adotarem a lógica da estocagem de água, de alimentos; 2) das politicas
públicas serem mais bem planejadas, discutidas e, sobretudo desenvolvidas para
que no período da estiagem que é uma característica peculiar da região possamos
vivenciar diferente. Por outro lado, tivemos a oportunidade de visualizar um
conjunto de experiências desenvolvidas pelos agricultores e agricultoras no
campo da agroecologia, da captação de água de chuva para consumo humano e
produção, segurança e soberania alimentar que tem mostrado que é possível viver
na região, desenvolvendo ações estruturantes. Ao mesmo tempo, é importante
ressaltar a ampliação das ações da ASA no semiárido, através da parceria com a
Fundação Banco do Brasil, BNDS, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
á Fome. Aqui, em Pernambuco, destaco a parceria com o Governo do Estado através
da Secretaria de Agricultura e Reforma Agraria.
Este ano foram deflagradas as Conferências de
Convivência com o Semiárido no Estado, fruto da construção e articulação das
organizações da ASA/PE. O que esse momento representa para a ASA/PE com o seu
conjunto de organizações?
Neilda Pereira - Para a Articulação no
Semiárido Pernambuco foi um passo fundamental no debate das politicas públicas
de convivência com a região. No entanto, precisamos acompanhar a materialização
dessas ações nas regiões, municípios e comunidades, é na vida das pessoas que
moram no Semiárido pernambucano que essas politicas precisam chegar. É
lamentável que o Estado gaste tanto recurso com carro pipa e outras ações
emergências, para amenizar a situação que não resolve e que se repete uma vez
que a estiagem é um fenômeno natural, ou seja, faz parte da nossa região. E
nesse sentido, a Lei Estadual de Convivência, as conferências - que culminaram
na construção do Plano Estadual de Convivência - é uma oportunidade que temos
de mudar essa lógica do combate a seca e ter de fato politicas públicas de
convivência com o Semiárido no âmbito municipal, estadual e nacional. Para
isso, precisamos a partir de agora investir ainda mais nesse debate.
O ano de 2013, foi um ano de muita superação para
as organizações da ASA/PE e as famílias agricultoras, bem como um ano de muitas
realizações importantes para essa rede. Quais as expectativas para 2014? E sua
mensagem final?
Neilda Pereira - A nossa expectativa para 2014
é que possamos dar continuidade ao debate que temos feito no semiárido
pernambucano, avalio que precisamos ficar atento ao esforço que fazemos na
discussão, proposição, seja intensificado no acompanhamento das ações.
Nessa perspectiva, destaco a elaboração dos planos municipais de convivência
com o Semiárido; e a materialização das ações do Plano Estadual e o debate do
marco regulatório. Que em 2014, possamos dar continuidade as ações,
ampliando o diálogo com os movimentos sociais, redes e articulações para que as
conquistas que, hoje, celebramos no campo do acesso à agua possamos também
celebrar no campo da luta pela terra, educação contextualizada, saúde,
assistência técnica, pois é no Semiárido que a vida pulsa, é no semiárido que o
povo resiste.
Em se tratando da Cáritas Diocesana de Pesqueira,
que conquistas podemos destacar neste ano para a organização e para as
famílias, mulheres e crianças acompanhadas pela Cáritas?
Neilda Pereira - Enquanto Cáritas Diocesana de
Pesqueira foi um ano onde podemos destacar várias conquistas: o fortalecimento
das ações desenvolvidas com crianças (destaco o projeto Crescendo com
Cidadania da Cáritas Paroquial Santa Clara de Assis); a organização de vários
grupos de mulheres na perspectiva da geração de renda (e aí destaco a
Cáritas Paroquial Cruzeiro de Poção e os grupos da Comunidade Salobro e Novo
Cajueiro, ambos localizados em Pesqueira). A oficialização da Cáritas na
Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na cidade da Pedra. Na linha da
Convivência com o Semiárido, tivemos a ampliação das ações desenvolvidas; em
números saímos de 1600 famílias para 6.000 famílias acompanhadas através dos
projetos. E para encerrar o ano, a eleição e posse da diretoria da
Cáritas Diocesana e a inauguração da nova sede.
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